Seguranças da região relataram que cambistas pagam para pessoas com mais de 60 anos ficarem na fila e comprarem o ingresso. Fãs da cantora passaram os últimos dias dormindo em barracas na frente do Allianz Parque à espera de garantir participação na tão sonhada turnê da cantora.

Entre fãs cansados e idosos desacompanhados, a última madrugada antes da abertura das vendas de ingressos para shows extras de Taylor Swift em São Paulo foi marcada por um clima tranquilo e palavras de fé entre meia-noite e 3h.

Há semanas, um grupo ocupa barracas e cadeiras frente à bilheteria do Allianz Parque, na Zona Oeste da capital, na expectativa de conquistar a tão sonhada presença na turnê da artista no Brasil.

“Terapia”, disse um fã de Taylor sobre o que vai fazer após comprar seu aguardado ingresso para o show que acontecerá em novembro.

Outro gritava que Deus honraria seus esforços para que todos ali estivessem juntos em breve na pista premium.

‘Great War’
Embalados pela música ‘Great War’, um dos hits da artista, fãs precisavam encarar duas filas. A primeira, repleta de jovens, vibrava cada vez que um grupo de dez era liberado para entrar na segunda fila, a principal.

Preparados com edredons e colchões, entravam dispostos a dormir. Chegar lá significava a quase realização da compra. Mas os ingressos só foram liberados para venda às 10h desta quinta-feira (22).

Organizadores avisaram aos que estavam no local como funcionaria o esquema: a fila seria pausada quando chegasse ao limite e só depois reaberta a medida que esvaziada por quem comprasse os ingressos. Complexo, mas parecia funcionar.

“Taylor tem uma música para cada momento da vida”, definiu Kamila ao lado da irmã Gabriela. A música do momento, ali, seria a já citada ’Great War’. Os pais acompanhavam de longe, emocionados.

“É bom ver a realização desse sonho delas”.
A ideia de apoiar as filhas partiu do pai. “Ele sempre foi muito parceiro”, disse Kamila que sonha em ser cantora e inspira-se em Taylor. Quando chegaram na esperada segunda fila, a mãe das meninas chorou discretamente.

Outra que saiu emocionada foi a fã Sara Bertholi. Figura conhecida ali, estava acampada no estádio desde domingo (18) e fez um empréstimo para comprar seu ingresso.

“Vontade de chorar. Não tem preço que pague ver a Taylor de perto. Faria outro empréstimo”, disse segurando um colchão e uma mala.

Foi apontada como polêmica e causadora de confusão. Segundo um segurança, Sara foi a responsável por chamar Celso Russomano no dia anterior.

“Treteira”, definiu um dos organizadores das filas. “Amor é amor. Deixei dez gatos em casa, cinco cachorros, os vizinhos se mobilizaram para cuidar. Todos apoiaram esse sonho que tenho há oito anos”, disse às lágrimas. “A história da Sara é linda”, comentou um fã em sua defesa.

Segurando uma cadeira de praia, outra fã falou sobre seus planos após comprar o ingresso: pensar no look e deixar todas as letras na ponta da língua.

A música de Taylor para este momento seria “Look what you made me do”. Nas mochilas, salgadinhos e água.

“Agora vai”, gritou outro que aguardava a liberação de mais dez. Ele chegou ao local na sexta-feira com três amigas; seis dias em uma barraca. Uma disse que juntou dinheiro. “Pedi pra minha mãe”, contou outra.

Suspeita de idosos atuando como cambistas terceirizados
O primeiro da segunda fila que dá acesso a bilheteria era um senhor desacompanhado que não quis se identificar.

Disse que chegou às 10h da manhã de quarta. Será o primeiro a comprar ingressos “para a família”.

O termômetro marcava 17 graus às 2h, quando uma senhora também desacompanhada entrou. Perguntada sobre a música preferida de Taylor respondeu “aquela sobre amor”. Um outro homem, sozinho, disse que estava lá porque “São Paulo funciona assim”.

Ao g1, dois seguranças relataram que a maioria dos idosos ali trabalhava para cambistas.“Experiência”, justificou um deles quando perguntado sobre provas.

Do lado de fora, um taxista observava a movimentação em uma tentativa de compreender os motivos que levaram os fãs a ficar no frio tantos dias.

“O pessoal que ficava acampado em frente ao quartel do Ibirapuera mudou pra cá?”, perguntava-se. “Taylor é o novo mito. Que bom”, concluiu.

As irmãs Kamila e Gabriela conseguiram comprar seus ingressos. Sara também. Sobre os idosos suspeitos, preferiram não compartilhar seus números com o g1.