Jaqueline Santos Ludovico, que agrediu um casal gay na padaria Iracema, na Santa Cecília, no Centro de São Paulo, foi presa em flagrante por lesão corporal após atropelar um homem na madrugada de sexta-feira (14) na Barra Funda.

Câmeras de segurança registraram o momento em que Jaqueline passou com seu Honda HRV em alta velocidade e atingiu a vítima, que estava na faixa de pedestre.

Jaqueline fugiu do local. Segundo a polícia, foi constatado que ela estava embriagada.

Policiais que atenderam a ocorrência realizaram um patrulhamento pela região para tentar localizá-la. Posteriormente, ela retornou ao local do crime com a irmã, onde foi presa em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, fuga do local do acidente e embriaguez ao volante.

A vítima foi levada para o Hospital São Camilo de Santana, onde ficou em observação médica.

Jaqueline passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar, devido ao fato de ser mãe de duas crianças.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que “policiais militares atenderam a ocorrência e, no endereço indicado, verificaram que a mulher atingiu a vítima enquanto conduzia um Honda/HR-V vermelho. A mulher teria deixado o local e retornado posteriormente sem o veículo, apresentando falas contraditórias e sinais de embriaguez. Ela foi encaminhada ao 91º DP (Ceasa), o caso foi registrado como lesão corporal culposa na direção de veículo, fuga de local de acidente e embriaguez ao volante”.

Homofobia na padaria Iracema

Jaqueline foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo por injúria racial, lesão corporal, ameaça e vias de fato após agredir um casal gay na padaria Iracema, na Santa Cecília, no Centro da capital paulista. O caso ocorreu em fevereiro deste ano.

Em maio deste ano, a Justiça acatou a denúncia.

Em um vídeo feito por uma das vítimas, é possível ver quando Jaqueline parte para cima dos rapazes. Um deles fica com o nariz sangrando.

À época do ocorrido, uma das vítimas do ataque homofóbico contou ao G1 que, além dos xingamentos, também foi agredido fisicamente.

“É um recado terrível para a sociedade de modo geral, para quem diz que homofobia é mimimi, para quem gosta de fingir que não existe. Eu saí de uma padaria com o nariz sangrando por algo que existe, mata, agride, ofende, que é uma parada animalesca, desumana”, afirmou o jornalista Rafael Gonzaga.

Rafael foi com o namorado à padaria Iracema por volta das 4h, após um evento. Quando pararam para comer, começaram as agressões.

“Ela foi para cima do meu namorado quando viu que ele estava filmando. Entrei no meio, outros funcionários também foram para puxá-la. Nessa hora ela cortou o nariz dele [namorado] e arranhou embaixo do olho.”

O jornalista afirma que tiveram que realizar ao menos cinco chamadas ao 190, da Polícia Militar, até conseguirem ser atendidos. Rafael ligou para a polícia pela primeira vez por volta de 4h40, mas só apareceu uma viatura no local 5h30.

Ainda segundo Rafael, mesmo com a chegada da polícia, os agentes informaram que não poderiam prender a agressora em flagrante porque não presenciaram a ação.

“Eles falaram que quando chegaram já não havia mais confusão, então não podiam dar flagrante. Que flagrante seria só se eles vissem a agressão.”

Ainda segundo o jovem, houve negligência da polícia e os agentes tentaram diminuir a gravidade do caso.

“Quer ela queira ou não, existem leis, existe Justiça, a gente não vive na barbárie. Eu não vou aceitar ser tratado como um cidadão que vale menos, ela vai pagar no rigor da lei em todas as esferas que forem possíveis porque eu vou atrás de Justiça sim”, completou.

Questionada pelo G1 à época, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “a Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) apura o caso, registrado como preconceitos de raça ou de cor (injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional) e lesão corporal”.