De acordo com a SPDM, a dívida da prefeitura com o Hmut é de R$ 21 milhões. No entanto, o prefeito José Saud (MDB), alega que essa dívida é bem menor, de cerca de R$ 13 milhões.
O Hospital Municipal Universitário de Taubaté (Hmut) informou, nesta quinta-feira (24), que suspendeu as cirurgias oncológicas, devido ao atraso nos repasses de verbas pela prefeitura. Nesta semana, o Hmut já havia anunciado a suspensão de todos os atendimentos ambulatoriais e passou a atender apenas casos de urgência e emergência.
Atualização: Na sexta, um dia após a publicação da reportagem, um acordo entre prefeitura e hospital retomou o cronograma de agendamentos de cirurgias oncológicas. Segundo a prefeitura, “a Administração Municipal irá repassar ao hospital o valor de R$ 200 mil para diminuir os impactos no setor de oncologia”.
Uma reunião foi realizada na Câmara Municipal para tentar entender as consequências da suspensão de alguns procedimentos do hospital, que enfrenta problemas financeiros desde dezembro do ano passado.
Na reunião, a direção do hospital informou que no meio deste ano a situação ficou insustentável, pois em junho os atrasos nos repasses feitos pela prefeitura ficaram mais expressivos, impactando os atendimentos.
No encontro, a diretora técnica do Hmut listou alguns dos atendimentos que tiveram que ser suspensos.
“As cirurgias eletivas foram suspensas. A gente sabe que não é porque é uma cirurgia eletiva que ela não precisa acontecer. O paciente tem uma doença que precisa de tratamento, mas a gente chama de eletiva, porque a gente pode aguardar um período para que ela ocorra”, disse Fabiana Mara Scarpelli, diretora técnica.
Na reunião, ela anunciou também a interrupção das cirurgias oncológicas. “Foi interrompida a cirurgia oncológica, anteriormente não havia sido, optamos pelo serviço de ortopedia, e acredito que seja o mais impactado, porque, paralelo a essa decisão, já tínhamos uma dívida expressiva com as empresas de órteses e próteses”, afirmou.
A diretora do Hmut também alegou que o hospital tem enfrentado dificuldades para conseguir materiais básicos, como soro.
“A empresa que só vende soro pra gente, só vende soro com pagamento antecipado, no momento eu não tenho pra fazer o pagamento do soro, então, porque você não deixa colocar um paciente da ortopedia que não é urgência, porque cada soro pra gente, conta”, explicou Fabiana.
Segundo dados divulgados pela SPDM no site da organização, neste ano, o Hmut realizou uma média de 44 mil atendimentos e procedimentos por mês. No entanto, a prefeitura e a SPDM não sabem informar quantos pacientes estão sendo afetados com a suspensão de parte dos procedimentos.
De acordo com a SPDM, a dívida da prefeitura com o Hmut é de R$ 21 milhões. No entanto, o prefeito José Saud (MDB), alegou que essa dívida é bem menor, de cerca de R$ 13 milhões.
O prefeito não participou da reunião, mas falou sobre o caso durante um evento da prefeitura. Segundo Saud, mesmo com os atrasos nos repasses, a SPDM poderia estar atendendo mais pacientes.
“Nós estamos pagando perto de 84% de tudo o que tinha que ser pago. Se é 84%, 16% é a diferença. Então, de cada 22 leitos de retaguarda, 3, ele poderia fechar, mas não tudo. Ele não pode fechar a ortopedia. De cada 12 atendimentos, ele poderia tirar no máximo 2 e atender 10, se ele fizesse por isso. Então, a partir desse momento, nós entendemos que é um problema administrativo do SPMD”, afirmou Saud.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi montada para investigar possíveis irregularidades nos contratos da saúde em Taubaté.
Unitau busca soluções
A Universidade de Taubaté (UNITAU) informou “que reconhece que o Hospital Municipal Universitário de Taubaté (HMUT) é um importante campo de estágio e tem papel fundamental no processo pedagógico dos cursos da área da Saúde. Por isso, a UNITAU tem articulado e apoiado tratativas que possam contribuir para a resolução do problema”.
Ainda segundo a Unitau, “na próxima terça-feira (29), a reitora da Universidade de Taubaté participará de uma reunião no Ministério da Saúde, em Brasília, para discutir possíveis soluções para o HMUT”.
Paralelamente, a UNITAU disse que “busca novos campos de estágio. Alguns exemplos são os convênios aprovados hoje (24) pelo Conselho Universitário (Consuni), para que os alunos da Universidade possam desenvolver atividades pedagógicas no Hospital Frei Galvão, na cidade de Guaratinguetá, na Santa Casa de Pindamonhangaba, e no hospital GACC (Grupo de Assistência à Criança com Câncer) de São José dos Campos”.
O que diz a SPDM
A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) informou que “segue cobrando a Prefeitura para que realize os repasses referentes à unidade conforme o contrato, o que não ocorre desde dezembro do ano passado. A verba referente ao mês de agosto, por exemplo, ainda não foi repassada pelo município e há uma pendência de R$ 3,7 milhões referente ao mês de julho”.
Ainda segundo a SPDM, “neste ano a prefeitura realizou pagamentos em parcelas e datas aleatórias sem informar com antecedência para que planejamentos pudessem ser realizados a fim de minimizar os impactos tanto no atendimento à população quanto no ensino dos estudantes”.
A empresa destacou que “a falta de pagamento em dia e o aumento da dívida por parte da prefeitura ocasionaram a paralisação de alguns serviços e setores do Hospital Universitário de Taubaté, mas que os atendimentos de urgência e emergência seguem ocorrendo, assim como o setor de gestações de alto risco”.
O que diz a prefeitura
Sobre as parcelas atrasadas, o prefeito José Saud (MDB) disse nesta quinta-feira (24) que elas devem ser pagas até o fim do mês de agosto.