Estudo, feito pelo Instituto em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), identificou casos que não respondem aos tratamentos convencionais. Quatro pacientes apresentaram resistência, sendo um deles a todos os medicamentos.

O Instituto Adolfo Lutz identificou os primeiros casos de tuberculose extensivamente resistente, uma variação que não é facilmente tratada com os medicamentos tradicionais e que tem risco de se tornar um caso mais grave.

O estudo foi feito em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

Nesses casos, a bactéria Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose, é resistente aos medicamentos tradicionais utilizados para o tratamento como rifampicina e isoniazida, oferecidos pelo SUS há décadas.

Além disso, de acordo com a classificação mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), a variação mais forte da doença também apresenta resistência a medicamentos mais modernos e recém introduzidos no Brasil, como a bedaquilina ou linezolida e a fluoroquinolonas.

Resistência ao tratamento de tuberculose baseado nos tratamentos disponíveis:

Mais resistente – tuberculose extensivamente resistente;
Resistente a certos medicamentos: multirresistente;
Outros tipos de tuberculose.
A variação multirresistente apresenta certa dificuldade em ser tratada com os remédios tradicionais para doença, como rifampicina e isoniazida.

O estudo que identificou a resistência analisou e testou 13 medicamentos utilizados no tratamento da doença, incluindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi feito pelo Núcleo de Tuberculose e Micobacterioses (NMT), no Instituto Adolfo Lutz, em parceria com a Divisão de Tuberculose do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo e com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

Quatro pacientes que já estavam tratando a tuberculose apresentaram resistência a pelo menos dois remédios tradicionais.

Dois apresentaram resistência a bedaquilina (medicamento para tuberculose) e clofazimina (antibacteriano);
Um resistente a delamanida (medicamento para tratar tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva) e linezolida (antibiótico);
Um paciente apresentou resistência aos quatro fármacos.
O que causa a resistência, ocasionando uma variação mais forte da tuberculose é o tratamento inadequado.

A pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz, Lucilaine Ferrazoli, afirma que “o melhor amigo da multirresistência é o abandono do tratamento”. Segundo ela, abandonar o tratamento é algo comum, porque dura em média seis meses e muitos pacientes deixam de lado as medicações, principalmente por se sentirem bem após algumas semanas.

O tratamento para a tuberculose extensivamente resistente é mais complexo e prolongado do que as demais resistências e dura até 18 meses.

De acordo com a pesquisadora Ana Marcia, do ICB da USP, a variação mais forte da tuberculose já havia sido identificada em outros países, mas é a primeira vez que é encontrada em pacientes no Brasil, considerando a classificação mais recente da OMS para a tuberculose extensivamente resistente.

A vacinação para o controle da doença traz proteção apenas contra a tuberculose infantil.