Diretor disse a mãe que não viu nada. Thamires Rosa afirmou que a filha teve lesões nos olhos, quadril e virilha e foi xingada de ‘feia’, ‘cabelo feio’ e ‘urubu’. Criança foi transferida de escola.
O diretor da Escola Estadual Adelina Issa Ashcar, na Zona Sul de São Paulo, perdeu seu cargo neste sábado (17) após a mãe de uma aluna de 6 anos denunciar omissão por parte do colégio. A criança foi vítima de agressão e racismo e, agora, foi transferida de escola.
A Secretaria da Educação concluiu as investigações no sábado e decidiu pela “cessação da designação de diretor”. Inicialmente, ele tinha sido afastado por 24 dias.
“A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, mais uma vez, lamenta o ocorrido e informa que a apuração preliminar foi concluída, decidindo pela cessação da designação do diretor, e, portanto, não é mais diretor da escola. A pedido da responsável, a aluna foi transferida para outra unidade, onde foi garantido o acolhimento no ambiente escolar, com apoio do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP)”, diz nota da pasta.
A mãe Thamires Rosa contou que dia 2 de maio, a menina chegou em casas com diversos hematomas e que a escola pouco fez para acolher a família e apurar o caso.
Segundo a mãe, as lesões aconteceram nos olhos, quadril e virilha — e teriam sido provocadas por outras duas crianças da mesma faixa de idade;
Ela também foi xingada de “feia”, “cabelo feio” e “urubu”.
“Eles disseram que era normal e que minha filha tinha que ter falado na hora. Que ela ia ter que falar. Eu tive que mostrar as lesões no corpo da minha filha. O diretor disse que não estava vendo nada e se isso não poderia ter ocorrido dentro da minha casa”, desabafou a mãe.
Despreparo da escola
“A escola não se responsabilizar pelo que ocorreu lá dentro mostra um imenso despreparo. Levaram ela de sala em sala para ela apontar quem era o culpado. Ela não ia fazer isso. Ela é uma criança. Além de ela ter sido exposta a essa agressão, física e verbal, ainda teve que passar por isso”, lamentou a mãe.
Para Débora Dias, educadora do movimento Educafro Brasil, a escola falhou na condução do problema e também no acolhimento das famílias.
“Essa conduta é completamente errada. Faz com que a criança se sinta ainda mais vulnerável já numa situação em que ela foi altamente violentada e também expõe a situação da maneira mais antipedagógica possível— Indo lá, acusando, e criando mais constrangimento e vexame no momento em que uma situação como essa nem deveria ter acontecido”, explicou a especialista.
“Deveria ser tratada de maneira pedagógica, centrada no debate pelo antirracismo”, completou Débora.