De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o total de chuva no mês foi de 51,5 mm, um desvio negativo de 22% em relação ao esperado. Professor da USP explica que chegada do El Niño deve trazer chuvas acima da média nos próximos meses.

O mês de maio chegou ao fim com 51,5 mm de chuva na cidade de São Paulo, 22% abaixo da média esperada para o mês, que é de 66,3 mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o cenário registrado era esperado para o período, marcado pela transição entre os fenômenos climáticos La Niña e El Niño.

“É uma fase caracterizada por essa inconstância climática, em que nós temos uma instabilidade em relação aos padrões já estabelecidos, então nós podemos ter uma redução no volume de chuvas, mas também, em outros momentos, uma chuva muito expressiva”, disse o especialista.

Os fenômenos La Niña e El Niño são retratados a partir da mudança de temperatura no Oceano Pacífico Equatorial;
O La Niña é caracterizado por águas mais frias, já o El Niño, por águas mais quentes;
Para determinar se há atuação de algum deles, é preciso verificar se a alteração na temperatura das águas se mantém por um período de cerca de três meses.
De acordo com Ernesto Alvin Grammelsbacher, meteorologista do Inmet, o volume acumulado de chuvas em São Paulo no mês de maio tem ficado abaixo do normal (considerando a média dos últimos 30 anos) desde 2018, quando o total mensal foi de 10,8 mm.

Neste ano, a chegada de uma frente fria à capital paulista provocou chuva nos últimos dias de maio, quase 20 dias depois da última precipitação significativa (com volume acumulado acima de 1mm) registrada na cidade.

Com chuva e frio, a cidade atingiu a menor temperatura máxima do ano, com 16,3°C na tarde desta quarta (31), de acordo com o Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura.

Côrtes explica que com a chegada do El Niño, que deve se estabelecer em junho, a tendência é de chuvas mais recorrentes na região Sudeste do país. Em São Paulo, por sua vez, as precipitações devem ser acima da média nos próximos meses, de acordo com o especialista.

Abastecimento de represas
Os quatro principais sistemas de represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) — Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Grande — encerraram o mês com chuvas abaixo da média histórica para o período, segundo a Companhia de Saneamento Básico do estado, a Sabesp.

Apesar dos baixos índices pluviométricos, os reservatórios seguem com volumes altos. O Cantareira, por exemplo, operava na manhã nesta quinta-feira (1°) com o dobro de água registrado na mesma data do último ano.

O professor Côrtes avalia que o cenário é favorável para que o Sistema Cantareira chegue ao final do período de estiagem (outono e inverno) com o volume dentro do ideal, acima de 60%.

“O prognóstico climático aponta para chuvas dentro da normalidade ou mesmo acima da média, o que coloca o Cantareira numa situação de tranquilidade, pelo menos até o final do ano ou durante a vigência do El Niño”, afirma Côrtes. “Isso não quer dizer, obviamente, que a gente possa sair gastando água de maneira abusiva ou sem critério”.

A Sabesp também reforça a importância do uso consciente de água, independentemente dos níveis de abastecimento das represas.