Proposta foi aprovada na Câmara em maio e sancionada nesta quarta-feira (31). É a segunda vez, no período de cinco anos, que local é rebatizado.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou o projeto de lei que altera o nome da Praça da Liberdade, no centro da capital paulista, para “Liberdade África-Japão”.
De autoria dos vereadores Reis (PT) e Luana Alves (PSOL), a proposta foi aprovada em maio pela Câmara Municipal.
A alteração foi publicada no Diário Oficial do município desta quarta-feira (31) e determina alteração das placas de identificação do local — que fica entre a Avenida Liberdade e as ruas Galvão Bueno e Dos Estudantes.
É a segunda vez em cinco anos que o nome da praça é alterado.
Histórico
Em 2018, a praça já havia recebido o complemento “Japão” em seu nome, mas não teve placas de identificação alteradas. À época, a troca gerou críticas nas redes sociais e trouxe à tona o debate sobre o sequestro de parte da história do local.
Na ocasião, a postagem de um jovem advogado, descendente de japoneses, contrário às alterações, alertava que a mudança desrespeitava o sofrimento dos negros, que no período colonial foram executados no local. A publicação teve quase 5 mil curtidas e mais de 2 mil compartilhamentos no Facebook e no Twitter.
“A Praça da Liberdade (agora Liberdade-Japão), muito antes da chegada da comunidade japonesa, se chamava Largo da Forca, pois era palco de execução de escravos negros fugitivos e condenados à pena de morte”, diz o post.
Em entrevista ao g1, a linguista Patrícia Carvalhinhos, mestre e doutora pelo Departamento de Linguística da USP, especialista em onomástica (ciência dos nomes de lugares, de pessoas e em geral), considerou a indignação “justa”.
“O problema não é incluir o nome Japão. O problema é que estão criando um modelo com dois núcleos de denominação que não tem relação história nem semântica”, disse Patrícia Carvalhinhos.
Na visão dela, portanto, não há justificativa para associar as palavras “liberdade” e “Japão”. “O que eu estou vendo acontecendo em São Paulo é fruto dessa falta de vontade de preservar memória e conservar história”, analisou à época.