Vítima foi localizada morte durante a madrugada desta terça-feira(30), no bairro da Mooca. Ministério Público apura desde 2021 mortes de moradores de rua em decorrência do frio. Gestão municipal diz apurar omissão de servidores públicos.
A polícia investiga a causa da morte de um homem em situação de rua que foi encontrado, na madrugada desta terça-feira (30), em uma calçada que fica a 500 metros de um abrigo da Prefeitura de São Paulo, no bairro da Mooca, na Zona Leste da capital.
Segundo organizações sociais que acompanham o caso, a suspeita é de que a morte tenha sido provocada por hipotermia. Nos termômetros da cidade, a temperatura bateu os 14º C durante a madrugada, que foi gelada.
“Logo que eu cheguei aqui na igreja às seis da manhã, vi que a polícia estava se movimentando e fui ver e era um corpo de um irmão em situação de rua. O que me chamou muito atenção é que na mesma rua onde está o abrigo emergencial, na mesma calçada, a 500 metros do abrigo emergencial e o que nós temos visto e solicitado à Prefeitura é uma flexibilização”, contou Padre Júlio Lancellotti, Coordenador da Pastoral de rua de São Paulo.
Em agenda durante a manhã, o prefeito da capital Ricardo Nunes comentou sobre as mortes em decorrência do frio na cidade.
“A gente lamenta profundamente a morte da pessoa em situação de rua. Nós não temos ainda dados em relação a causa da morte”, disse Nunes.
O secretário municipal da assistência e desenvolvimento social ressaltou que ainda não há confirmação de casos de óbito causados por hipotermia.
“Nesse caso específico nós aguardamos o laudo do IML, inclusive em reconhecimento da pessoa em situação de rua que faleceu, com a qual nos solidarizamos, com ela, seus amigos família”, comentou o secretário municipal da assistência e desenvolvimento social.
Pessoas em situação de rua reclamam das condições de abrigos
Pessoas em situação de rua, que dependem dos abrigos, reclamam das condições em que são recebidas. Eles também falaram sobre a dificuldade de conseguir vagas no Centro. Na outra ponta da cidade, na Zona Leste, mais pessoas de situação de rua reclamam das mesmas condições.
“Cheguei lá umas dez horas, estava garoando, falei tem uma vaga para me arrumar e disseram ‘só se for para o encaminhamento. Não dá pra arrumar vaga, não’. Eu fiz o que? Peguei o saco de lixo que estava no lixo, joguei o lixo fora e me cobri com saco de lixo. Não consegui dormir direito”, disse um morador em situação de rua.
“Se é emergencial, todas as noites há leitos vazios que não foram preenchidos e há relatos de pessoas que solicitam o acolhimento e não são acolhidas porque não tem a burocracia. A burocracia é maior que a necessidade da pessoa”, ressaltou o Padre Júlio Lancellotti.
MP investiga prefeitura por omissão
Em 2021, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar possíveis omissões da prefeitura de São Paulo sobre as mortes de moradores de rua em noites de baixas temperaturas.
Em abril deste ano, os promotores enviaram questionamentos para a Prefeitura sobre essa situação e deu 10 dias para a resposta, mas até agora a prefeitura não se pronunciou.
Procurada pela TV Globo para falar sobre a morte do morador em situação de rua na Zona Leste, a Prefeitura disse que as informações ainda estão sendo apuradas.